Beijos
Grácia
A CALÇA DE OSMÁRIO
"Osmário era um caixeiro (era assim que se chamavam os
vendedores e balconistas) que ficou felicíssimo quando o gerente da loja em que
trabalhava o convidou para padrinho de seu novo herdeiro.
Osmário, ao chegar em casa, comunicou à esposa, que
comunicou à sua mãe (sogra de Osmário) e também à sua filha Luciana, enfim a
toda família. Agora precisava ver se tinha uma roupa adequada para o batizado:
a camisa seria aquela única de manga longa que ele possuía para grandes
ocasiões, mas a calça dita de sair estava muito surrada.
Naquele tempo, só havia na cidade duas ou três lojas de confecções, o que se usava mesmo era ter sua costureira. Comprava-se o tecido, levava-se à casa da costureira com direito a experimentar. Mas não havia mais tempo e Osmário, correndo, no intervalo do almoço, foi comprar uma calça. Até conseguir uma com bom preço, de que gostou do tecido e comprou sem verificar o tamanho. À noitinha, Osmário resolveu experimentar a bendita roupa, pois estava tão feliz com a honraria de ser padrinho... Pois não é que a calça estava comprida e precisava cortar 4 centímetros para ficar no comprimento certo? Que fazer?
Claro, pediu a Francisquinha, sua esposa, para cortar o
excedente e fazer a bainha ou abanhado. francisca queixou-se logo:
"Osmário, já faço todo o serviço da casa e vou interromper para fazer o
abanhado de uma calça?". Triste, Osmário recorreu à sogra, que logo
desculpou-se: Eu ajudo Francisquinha o dia todo e estou com a vista
fraca..." . Osmário constrangido recorreu a Luciana, a filha adolescente,
que logo deu um muxoxo.
Então, Osmário resolveu que dobraria a calça e iria assim mesmo. Mais tarde, a esposa pensou: "Osmário é tão bom, vou cortar os 4 centímetros" e até passou ferro a calça. Mais tarde dona Severina resmungou alto: "Osmário é um genro tão bom, nunca me negou nada" e cortou os 4 centímetros da perna da calça e teve o cuidado de passar a ferro. Não demorou muito tempo e Luciana, quando terminou do dever de casa (naquele tempo não era tarefa), meditou: "Painho é tão bonzinho e está tão feliz de sr padrinho..."; e lá se foram mais 4 centímetros da calça.
Finalmente chegou o domingo e Osmário foi se aprontar cedo,
pois o futuro compadre avisou que o vigário era muito pontual. Tomou seu banho,
colocou a camisa e, quando foi colocar a calça, pense no que aconteceu...
Horrorizado se viu no que hoje se chama de bermudão, naquela época calça
coronha, simplesmente muito coronha.
Como último recurso e muito constrangido, foi mesmo com a
velha calça."
(Texto extraído do Livro Tem Jambo & outras histórias de
Lilá Maciel Lyra)
3 comentários:
Adorei esse texto!!! Ri muito!!
Obrigada por compartilhar!!!
Beijos!!
Verdade Gina, também achei divertido.
Obrigada por partilhar conosco. Bjs
Coitado do Osmário!!!!
"Alegria de pobre dura pouco".
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