Esse blog destina-se ao registro de acontecimentos da família Caffé além de coisas do cotidiano, diversão, arte, reflexão, passeios, música e tudo que chamar a nossa atenção.



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segunda-feira, 14 de março de 2011



Dia Nacional da Poesia


A poesia tanto pode retratar a realidade quanto um sonho, contanto que venha recheada de sentimentos.

O poeta se alimenta de amores felizes ou doídos; de corações que vibram de alegria ou que sofrem de tristeza; de paixões arrebatadoras ou tranquilas; de saudades, ilusões, lembranças; de perdas e conquistas, do que lhe toca a alma e lhe inspira a vida.

E para homenagear esse dia, nada melhor do que postar aqui algumas poesias:

Canção do Dia de Sempre
(Mário Quintana)


Tão bom viver dia a dia…
A vida assim, jamais cansa…
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu…
E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência… esperança…
E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.
 
Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
 
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas…

            ***


                                            Motivo
(Cecília Meireles)

Eu canto porque o instante existe 
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.
E sei que um dia estarei mudo:
- mais nada

 ***


As Sem-razões do Amor
(Carlos Drummond de Andrade)

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
 
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

                                          ***

3 comentários:

Grácia disse...

Como seria maravilhoso
se vida fosse feita de poesia, seríamos mais sensíveis e tolerantes.
A realidade é bem diferente...

Para completar estes lindos poemas que você colocou, vai este de Vinicius de Moraes:
SONETO DA FIDELIDADE

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Bjs
Grácia

Cristina disse...

Muito bem lembrado Grácia. É lindo demais!
Faz parte da minha história.
É que cantei a música "Eu sei que vou te amar" com uma amiga, em uma festa no trabalho, e recitei esse poema, como faz Vinicius. Daí em diante, prá mim, elas (música e poesia) se completam. E realmente tem tudo a ver.
Bjos

Grácia disse...

Este também era o meu caso.. Em todo lugar que me pediam para declamar algo, lá ia Soneto da Fidelidade...
É muito lindo e faz também parte da minha história.
Beijos