Esse blog destina-se ao registro de acontecimentos da família Caffé além de coisas do cotidiano, diversão, arte, reflexão, passeios, música e tudo que chamar a nossa atenção.



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domingo, 1 de agosto de 2010



E dá pra esquecer?

Existem muitas coisas que a gente sabe ser impossível esquecer, especialmente tudo que nos aconteceu pela primeira vez: o primeiro amor, o primeiro beijo, o primeiro sobrinho(a) e/ou filho(a), a primeira festinha (de debutantes, antigamente), a viagem tão esperada, uma grande perda ou decepção, enfim...

No entanto, existem muitos outros momentos vividos que, basta a gente abrir a “caixa de lembranças” que eles vão surgindo, mostrando a sua importância na nossa história.

Muitas vezes são coisas simples, que fizeram parte do nosso dia-a-dia e que até pareciam sem muita importância à época mas que, com o passar do tempo, nos levam a perceber que foram como tijolos,  contribuindo para o nosso crescimento e moldando a pessoa que somos hoje. 
São atitudes, gestos, ensinamentos sutis que, sem muita pretensão, vão construindo os nossos valores, a nossa essência, a nossa verdade. E estes são os que mais fazem efeito, pois ficam guardados, eternamente, no nosso coração.

Se a gente decide abrir essa “caixa” e pega um papel e lápis prá escrever, vai percebendo que são infinitas as aventuras, brincadeiras, passeios, vivências , etc. que marcaram a nossa vida. Aí, não tem jeito. Dá uma vontade danada de reviver, compartilhar e, claro, registrar algumas delas por aqui.


Como esquecer as idas "a pé" prá Juazeiro, que painho fazia com a gente e ainda tinha a coragem de carregar algumas das nossas amigas? E os banhos no Rio São Francisco, antes que a cidade acordasse, onde dava prá aprender a nadar e se divertir jogando pedrinhas prá saber quantos filhos íamos ter? 
Ainda tinham os passeios para o Salitre quando, com grande satisfação, a gente subia em um caminhão e se juntava a tios e primos para passar um dia diferente, cheio de risos e brincadeiras. 
Vem à memória uma viagem de férias para Massaroca, onde a gente brincava de fazer sandálias com papelão e tampas de garrafas, pedia músicas na radio  oferecendo a alguém só pra ouvir o nome sair no alto-falante da cidade, se divertia vendo o trem que passava com seu barulho e apito característicos, enfim... muito bom.

Da casa de vovó Mariquinhas vem o cheirinho de jasmim que ainda hoje me transporta aquele corredor na entrada, toda vez que sinto o mesmo perfume; os biscoitinhos deliciosos de tia Mariita e a sua defesa sempre que alguém falava mal de uma pessoa; as “milhões” de orações de tia Dirce; as aulas de crochê onde fui “obrigada” a fazer uma saia e que me deixou traumatizada até hoje (risos) pela quantidade de vezes que vovó me mandou desmanchar porque o ponto estava apertado ou folgado demais; as revistas “Seleções” que aguçava a nossa curiosidade; a presença dos primos vindos de Itabuna, Isa e Marquinhos, sempre contando muitas novidades e que nos levavam às noites de risos e brincadeiras na casa de D. Toquinha; e tantas lembranças mais.

Já na casa de vovó Landinha era obrigatório, logo ao chegar, tirar um dos papelzinhos de uma caixinha, onde estavam escritos diferentes versículos da Bíblia, e depois ganhar um abraço carinhoso e "fôfo" e ficar vendo o que ela e tia Bibi estavam fazendo de crochê, de fuxico ou outro artesanato qualquer.
E ao remexer nessa caixa vão surgindo muitas outras lembranças deliciosas como:
  • a nossa alegria quando painho chegava com uns sacos cheios de umbu, alguns maduros e outros ainda “de vez “(ou inchados como chamávamos), que a gente chupava ou comia até embotar os dentes;
  • esperar o jornal ou uma revista nova de palavras cruzadas, que painho comprava, pensando em resolver o rébus, o jogo dos 7 erros ou aquele de pintar os pedaços prá descobrir que figura iria aparecer;
  • as nossas risadas antes de dormir, por pequenas besteiras ditas ou fazendo imitações dizendo tratar-se do jeito de ser ou o tipo de ... dos vizinhos (segredinho nosso – risos);
  • os banhos de chuva aproveitando a bica da casa de D. Osa e sua calçada que enchia de água; os pulos no tanque da pracinha (imagine!) e até o sacudir das algarobas, depois que a chuva parava, prá aproveitar mais um pouco da brincadeira na água; 
  • a ansiedade esperando a chegada de Yara e Hircinho trazendo a nossa primeira sobrinha, Claudia;
  • o delicioso cuscuz com leite de coco que mainha fazia para o café da manhã de domingo, e que a gente comia depois de assistir a missa matinal na igreja Matriz;
  • as brincadeiras de “31 alerta” correndo pela pracinha, de matança, roda, estátua, passa anel, etc.; os ensaios dos dramas, muitas vezes com apresentações ensinadas por mainha e que até hoje sabemos todas as músicas “na ponta da língua”;
  • os passeios na roça de “Seu” Maniçoba onde o maior divertimento era tomar banho no tanque até ficar com os dedos “engilhados”;
  • ir ao ensaio da peça "Morte e Vida Severina" no cine e teatro Massangano (à noite), da qual Gracia fazia parte, onde decorei todas as apresentações e falas dos personagens sendo até capaz de substituir algum deles, se preciso fosse (kkkk - muita pretensão da pirralha);
  • assistir filmes no Cine Petrolina, ir à Biblioteca ler os livros infantis, andar de bicicleta,... e por aí segue.
Não dá prá esquecer nem dos quentes e doloridos "cascudos" de Iram quando via a gente em qualquer outro lugar que não fosse em casa. Aff!!! Até as nossas amigas corriam pra casa com medo (risos). Hoje ele diz que era prá nos proteger dos “marmanjos” mas quem queria saber? Dava muita raiva, pois a gente não estava fazendo nada demais. Até estar descalço era motivo pra ser “deportada”...
Mas eis que um dia resolvi falar com painho e pedi pra acabar com essa história. Que ele só fosse autorizado a nos mandar prá casa se estivéssemos fazendo alguma coisa errada. E sabe que eu consegui? (risos) Afinal, eu estava com toda razão. Já bastava as suas proibições que nos deixavam sempre na dependência de mainha, prá ir em nossa defesa e, com jeitinho, conseguir que ele mudasse de opinião, ou melhor, cedesse aos seus argumentos.

Pois é... são tantas as emoções vividas, sentidas, curtidas ou até sofridas mas, com certeza, todas lições que nos fizeram pessoas do bem, felizes e fortes para enfrentar as adversidades da vida. Se fosse prá contar tudo seria preciso escrever um livro. LIVRO? Como assim? Sabe que eu ainda posso realizar esse desejo? Quem sabe um dia...

Beijos e até a próxima!
Com carinho.
Cris / Tina
♥♥♥

11 comentários:

Grácia disse...

PER......FEI.....TA!!!!!!!!!!!!!!
Amei....
Tina, é assim que se descobre talentos, não que eu não soubesse que você é talentosíssima, mas a maneira que você colocou todas estas lembranças no papel foi maravilhosa, gostosa de ler e melhor ainda, de nos fazer voltar a momentos tão deliciosos de nossas vidas.
Que bom entrar hoje no nosso Blog e fazer esta volta ao passado!!!!

Parabéns!!!!
Beijos
Grácia

Cristina disse...

Muito obrigada Gracia.

Quando se conhece bem o assunto a ser tratado, principalmente quando somos parte da hitória, é bem mais fácil escrever não é verdade?
Além disso, a emoção vai nos levando pelos caminhos...
Beijos
Tina

Regina disse...

Como disse Grácia: PERFEITA!!!
Adorei lembrar de tanta coisa que já estava esquecida. E ver que a gente, realmente, tinha infância! Hoje é muito difícil ver uma criança brincando dessas coisas que a gente brincava.
Adorei!!
Bjs

Yolande disse...

E melhor de tudo é saber que ainda existe muita coisa a ser lembrada, e como vc mesma disse, em forma de livro. ADOREI!!!!!!!!!!

Cristina disse...

É isso mesmo Gina e Lande. Tivemos uma infância feliz, cheia de brincadeiras e aprendizados, com muitos amigos e diferentes hitórias prá contar.
Beijos e obrigada pelo carinho.

Unknown disse...

Muito bom mesmo!!!!!!!!!!!

Unknown disse...

Cris, Parabéns pela excelente narrativa de uma linda história, vivida por uma família simples, mas muito feliz.
A maneira como você escreve, nos leva a viver todos aqueles momentos, como se estivessem acontecendo agora.
Adorei!!!!
Vou aguardar o livro.
Beijos

Cristina disse...

Obrigada pelo carinho.
O livro é um desejo acalantado. Quem sabe, com a força de vocês...
Bjos

Ivone Caffé disse...

Menina!!!!!! que memória! Fui passeando pela narrativa e revivendo esses momentos maravilhosos, vividos por todos nós e me peguei relembrando tambpém de alguns momentos em Massaroca que nunca me esqueci porque ficava com medo.
Lembram das histórias que Tio Galo nos contava à noite? Lembro de um trechinho que ele falava mais ou menos assim "Diziri zoon zorooomm, diziri zonzonrom" não me lembro agora ao que se referia mas devia ser algum vampiro ou coisa parecida kakakakaka!!!!!
É... saudades de nossa infancia que mesmo sendo uma vida simples de interior, foi intensa e cheia de bons momentos e o mais importante, cercados de muito amor e dedicação e que só hoje nos damos conta do quanto éramos felizes.
Que bom que você nos fez voltar o tempo, minha irmã!
Bjs!

Cristina disse...

Não lembro dessas histórias de tio Galo não!!! Acho que eu era poupada ou dormia antes dessa hora. Ele devia ficar lhe fazendo medo porque já era tarde e vc ficava pertubando, dando trabalho. kkkkk
Realmente tivemos uma infância feliz e as recordações alimentam a nossa alma.
Bjos

Grácia disse...

Eu lembro alguma coisa deste diziri zoom zoroooom.