Esse blog destina-se ao registro de acontecimentos da família Caffé além de coisas do cotidiano, diversão, arte, reflexão, passeios, música e tudo que chamar a nossa atenção.



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domingo, 5 de agosto de 2012

O que acontece no meio
Martha Medeiros


Vida é o que existe entre o nascimento e a morte. O que acontece no meio é o que importa.

No meio, a gente descobre que sexo sem amor também vale a pena, mas é ginástica, não tem transcendência nenhuma. Que tudo o que faz você voltar pra casa de mãos abanando (sem uma emoção, um conhecimento, uma surpresa, uma paz, uma ideia) foi perda de tempo.

Que a primeira metade da vida é muito boa, mas da metade pro fim pode ser ainda melhor, se a gente aprendeu alguma coisa com os tropeços lá do início. Que o pensamento é uma aventura sem igual. Que é preciso abrir a nossa caixa preta de vez em quando, apesar do medo do que vamos encontrar lá dentro. Que maduro é aquele que mata no peito as vertigens e os espantos.

No meio, a gente descobre que sofremos mais com as coisas que imaginamos que estejam acontecendo do que com as que acontecem de fato. Que amar é lapidação, e não destruição. Que certos riscos compensam – o difícil é saber previamente quais. Que subir na vida é algo para se fazer sem pressa.

Que é preciso dar uma colher de chá para o acaso. Que tudo que é muito rápido pode ser bem frustrante. Que Veneza, Mykonos, Bali e Patagônia são lugares excitantes, mas que incrível mesmo é se sentir feliz dentro da própria casa. Que a vontade é quase sempre mais forte que a razão. Quase? Ora, é sempre mais forte.

No meio, a gente descobre que reconhecer um problema é o primeiro passo para resolvê-lo. Que é muito narcisista ficar se consumindo consigo próprio. Que todas as escolhas geram dúvida, todas. Que depois de lutar pelo direito de ser diferente, chega a bendita hora de se permitir a indiferença.
Que adultos se divertem muito mais do que os adolescentes. Que uma perda, qualquer perda, é um aperitivo da morte – mas não é a morte, que essa só acontece no fim, e ainda estamos falando do meio.

No meio, a gente descobre que precisa guardar a senha não apenas do banco e da caixa postal, mas a senha que nos revela a nós mesmos. Que passar pela vida à toa é um desperdício imperdoável. Que as mesmas coisas que nos exibem também nos escondem (escrever, por exemplo).
Que tocar na dor do outro exige delicadeza. Que ser feliz pode ser uma decisão, não apenas uma contingência. Que não é preciso se estressar tanto em busca do orgasmo, há outras coisas que também levam ao clímax: um poema, um gol, um show, um beijo.

No meio, a gente descobre que fazer a coisa certa é sempre um ato revolucionário. Que é mais produtivo agir do que reagir. Que a vida não oferece opção: ou você segue, ou você segue. Que a pior maneira de avaliar a si mesmo é se comparando com os demais. Que a verdadeira paz é aquela que nasce da verdade. E que harmonizar o que pensamos, sentimos e fazemos é um desafio que leva uma vida toda, esse meio todo.

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ZERO HORA – 04/12/11

5 comentários:

Regina disse...

Que lindo!! É a mais pura verdade
!A D O R E I !!
Bjs

Cristina disse...

É muito lindo e verdadeiro mesmo...

Martha Medeiros tem o dom de escrever aquilo que sentimos e vivemos, muitas vezes sem parar para pensar o quanto são importantes e cheios de ensinamentos, de uma maneira singela, objetiva e, ao mesmo tempo, repleto de poesia.
Sou fã demais!!!
Beijos

Valéria disse...

Parabéns pelo blog, sempre passo por aqui ,muito bom as msgs de reflexão e o conteúdo tb, gostaria q visitasse o meu www.lelaalmaparaalma.blogspot.com.br.
Abç

Cristina disse...

Muito obrigada pela atenção e comentário Lela. Ficamos muitos felizes em receber o seu feedback e em saber que nos visita e gosta do nosso Blog.
Tentei ir visitar o seu Blog mas não abriu. Vou tentar novamente.
Um abraço.
Cristina e Grácia

Valéria disse...

Desculpe , escrevi errado o endereço do blog,o correto é:www.lela-almaparaalma.blogspot.com.br,olha como um traço faz a diferença,:)
tenha uma semana abençoada.
Valéria